ESG

GRC e ESG

Compliance ou conformidade, dentre as diversas acepções possíveis, pode ser visto como um programa dentro da organização que procura minimizar os riscos de condutas, ou seja, de ações ou omissões humanas, que possam ensejar violações legais, regulatórios ou éticas que manchem a reputação do negócio, da atividade, da empresa, ONG ou associação.

Num mundo cada vez mais complexo, desde formadores de opinião, digital influencers, cantores, esportistas e celebridades em geral, até as tradicionais empresas multinacionais, todos devem estabelecer programas e controles que permitam navegar com segurança por assuntos importantes e delicados das mais diversas espécies, como direitos humanos e respeito por minorias, por exemplo, bem como que evitem a ocorrência decomportamentos criminosos em seu interior, mesmo que aparentemente a favor das suas atividades.

Trata-se, portanto, de estruturar os negócios e atividades não mais focados apenas no resultado finalístico tradicional da organização, que pode ser o lucro para as pessoas jurídicas mercantil ou uma benemerência como a de um hospital filantrópico, mas também em resultados mais gerais que compreendam o cuidado com as pessoas que direta ou indiretamente a ela estejam relacionadas, com a sociedade onde a organização está inserida e com o planeta onde todos vivemos.

O negócio ou atividade, portanto, deve se estruturar sobre pilares a que chamamos de GRC – Governance, Riks andCompliance, que vão lhe sustentar não só em tempos bons, mas especialmente vão lhe permitir resistir durante crises graves, terremotos existenciais que podem ameaçar destruir tudo o que foi duramente construído. Crises reputacionais nem sempre são passageiras e inofensivas. Muitas vezes elas ameaçam se transformar em crises financeiras, com impacto, por exemplo, na capacidade da empresa se financiar, ou econômicas, com perda de espaço no mercado para concorrentes. Crises dessa espécie podem significar a insignificância ou até mesmo a morte do negócio.

Num mundo em que tudo que é sólido se desmancha no ar, que corporações gigantescas se tornam irrelevantes em poucos anos, em que uma constante revolução tecnológica faz desaparecer todo um setor de negócios em uma geração, é uma receita certa para o fracasso e a falência administrar todas essas incertezas sem se preocupar também com sua responsabilidade social e ambiental.
Assim, a ideia de compliance não basta para um negócio ou atividade nesse mundo em transformação. De nada adianta se ter um programa bem estruturado para prevenção dos riscos do negócio quando a empresa não se preocupa com seu lugar num mundo de recursos finitos e necessidades ilimitadas. Alia-se ao compliance, portanto, uma governança responsável não somente com o mercado e stakeholders, mas também, como já dissemos, que se preocupe com a sua responsabilidade social e ambiental. Temos, portanto, aliado do conceito do GRC, o de Environmental, Social and Corporate Governance, conhecido pela sigla ESG.

Os executivos, dirigentes, sócios, gerentes, e especialmente os profissionais de compliance precisam ficar atentos a essa nova realidade, de modo que as decisões internas em todos os níveis incorporem discussões sob essa nova ótica. O lugar mais adequado para a análise e aconselhamento da alta administração sobre essas questões será o setor de conformidade e os programas de compliance devem se adequar para o acompanhamento dessas prioridades, que não são nenhuma novidade para quem entende do tema, mas vão muito além do compliance anticorrupção vendido no mercado. É hora de ir além e preparar-se para o compliance integral e holístico que se espera de negócios e atividades modernas e responsáveis. Mãos à obra!